Essa metamorfose ambulante

Por Angelica Prazeres

Estabilidade, maturidade, harmonia...taí coisas que geralmente procuramos, que dizem por aí que é muito bom ter ou ao menos que é bom procurarmos alcançar se tivermos juízo.

Uma vez um amigo (diga-se de passagem, uma pessoa maravilhosa que esbarrei circunstancialmente na vida, sabe?) me desejou no meu aniversário menos juízo
"Gel, para você felicidades e menos juízo". UAU! Achei aquilo o máximo! Além de super original, super apropriado para mim na época. 
Bom, então me empenhei para seguir o conselho e me aventurar um pouquinho.

É curioso como nós criamos certas regras de condutas próprias, regras morais, direcionamentos que definem nosso caráter e, de certa forma, a partir daí tudo o que será aceito ou não pela gente em nossas vidas.

É tao confortável quando nossos atos estão em harmonia com os nossos pensamentos, com as nossas ideias, com o que "enchemos a boca para dizer" e defender, né? É confortável e nos faz coerentes.

Mas, peraí! E se essas nossas tais convicções na verdade mesmo forem justamente o que nos trava, o que faz nos mantermos ansiosos, o que não nos deixa livre para arriscar. Aquele mesmo pensamentozinho, aquele mesmo jeitinho de fazer as coisas, sem tirar nem pôr. Aquela mesma forma sistemática de lidar com os problemas (mesmo que esteja na cara que até hoje não tenha funcionado lá muito bem)...

É, acho que aí toda essa opinião travestida de personalidade forte e de "eu sei o que eu quero para minha vida" vai por água abaixo. 
Ou não né?
Fica ali sustentando essa enxurrada de pensamentos para que estes não ousem respingar em nenhum outro lugar, mantendo a nossa mais perfeita desordem!

Ai, às vezes não sei, fico até confusa. É para criarmos uma base forte, termos uma opinião sólida e clara da vida ou é para ser aberto e ficar mudando de opinião. 

O que esperam de nós?

Taí a grande questão! Os outros querem que a gente só mude o que não é lá muito legal e conveniente para eles, o resto pode deixar ;). 
Sim, porque se mudarmos demais, mudamos automaticamente as coisas a nossa volta também. Mudamos a dinâmica das nossas relações. Paramos de aceitar certas coisas, exigimos mais ou às vezes menos do outro...e assim nossos relacionamentos vão mudando junto.

Mas para ser muito sincera com vocês eu sou - ou eu virei ao longo da minha adolescência para cá - daquelas que curte mesmo uma mudança.


Acho o máximo olhar para trás e ver que coisas que eu não tinha o menor interesse, passaram a ter lugar na minha vida.  Acho mais maravilhoso ainda constatar como eu fui virando outra e outra e outra e outra pessoa ao longo dos anos.

Que coisa mais chata ter exatamente as mesmas ideias desde a adolescência até hoje. Tanta coisa aconteceu e deixou suas marcas, tantas pessoas passaram e deixaram sua influência, tantos lugares foram visitados e deixaram sua lembrança.
Como eu poderia ainda ser a mesma.

Então... é exatamente isso que me fascina: a experiência. Buscar a experiência. A mudança virá em consequência. 
Quanto mais se vive, mas se experimenta, mais se sente, mais se percebe, mais se realiza, mais se memoriza, mais se transforma.

Para mim, não ha como não concordar com o Raul...ou quem sabe não, né? Vá que eu mude de opinião?! :)


METAMORFOSE AMBULANTE - RAUL SEIXAS (1973)






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